terça-feira, 3 de novembro de 2020

Sobre viagens no tempo


Hoje acordei com vontade de escrever. Na verdade, dormi pensando no texto (ou seria poesia?) e acabei esquecendo ao longo da noite, o que eu tinha a mais absoluta certeza que iria acontecer. Mas por pura preguiça não levantei, acendi a luz, peguei meu caderninho e anotei o que pensava. Só sei que era muito bom. Era, do verbo não será mais. Coisas da vida.

Os dias correm soltos como as maritacas que gritam na minha varanda. E todos os dias parecem iguais, assim como as maritacas, que para mim são absolutamente iguais. São da mesma cor, do mesmo tamanho e fazem uma algazarra grande todos os dias após o sol nascer... já não sei mais se estou falando de maritacas ou dos dias. Ou dos dois, o que dá no mesmo, já é tudo igual de qualquer maneira.

Ontem comecei a ler O Morro dos Ventos Uivantes. Jurava que já tinha lido, tinha a mais absoluta certeza, afinal, sou uma entusiasta da literatura inglesa e é claro que eu já tinha lido, eu só não me lembrava. Mas foi só abrir o e-book (eu sou old school em relação a livros, adoro pegar na mão, cheirar, sentir a textura, o farfalhar das páginas se virando - porém eu sofro o mal do século chamado imediatismo e nunca, jamais, em hipótese alguma que eu iria aguentar esperar 3 dias úteis para começar a ler) que eu tive a certeza que nunca havia passado meus olhos por aquelas páginas. E uma vez começado a ler, não consegui parar. E fiquei me perguntando como assim eu nunca tinha lido as irmãs Brontë antes? Como assim eu nunca tinha lido esse livro?

O fato é que o livro, o qual ainda não acabei, é muto bom. Aliás, é mais do que bom, é incrível! E me fez pensar em um milhão de coisas. Coisas do tipo como a literatura é mágica, nos fazendo viajar pelo tempo e reviver sensações que os leitores que leram esse mesmo livro lá nos idos de 1800 provavelmente tiveram. Magia pura!

Nos situando no tempo e no espaço, escrevo essas linhas em novembro de 2020, o ano da pandemia de Sars-CoV-2 que parou o mundo e matou milhares ao redor dele. Situando mais um pouco ainda, hoje é o dia das eleições americanas. Dia que poderá ser histórico: os Estados Unidos poderão mostrar seu lado "salvador do mundo", tão retratado nos filmes de Hollywood, e derrotar Donald Trump nas urnas. Não salvaria o mundo, é claro, mas daria uma boa ajuda.

Provavelmente daqui uns 200 anos (se o mundo não acabar até lá) as crianças irão estudar na escola o que estamos vivendo hoje e com horror se perguntarão como isso aconteceu. Assim como vemos retratados nos livros a época da peste negra, onde uma grande parte da população européia foi dizimada e ficamos chocados que isso possa ter acontecido. Fim dos tempos? Acho que é mesmo só a história deixando a sua marca no tempo - e como é difícil fazer parte de um momento histórico.

Voltando a magia da literatura, hoje irei esquecer a Covid-19 e vou viajar novamente para a Inglaterra de 1800, adentrar em Wuthering Heights e acompanhar Mr. Lockwood em suas descobertas sobre o seu senhorio. Estou ansiosíssima para retomar a jornada.

Vejo vocês novamente quando eu retornar ao século XXI.

Nenhum comentário:

Postar um comentário